Artigo:
Sexualidade do portador de necessidades especiais
Chega
ao meu consultório, um adolescente de 16 anos com paralisia cerebral e uma leve
incapacidade de aprendizado.
É
trazido pela mãe para trabalhar muitas outras questões vistas pela família, mas
o foco principal do paciente era a sexualidade. Já havia passado por várias
situações de tratamentos, físico, mental, comportamental, cuidados especiais de
toda natureza. Em todas as situações só ouvia, ouvia, ouvia... Nunca ninguém
perguntava o que ele realmente queria, desejava ou sentia.
Hoje
ainda é comum se perceber que os portadores de necessidades especiais quando
crescem, continuam sendo tratados como crianças ou como doentes.
O
desenvolvimento sexual coloca certos problemas para os pais de crianças
normais. Muitos preferem que a escola forneça a educação sexual. Mas
infelizmente, pouquíssimas escolas ou universidades têm fornecido cursos
adequados sobre sexualidade das pessoas portadoras de necessidades especiais.
Na
verdade, com freqüência, os pais e professores se juntam, discutem sobre várias
problemáticas e tendem a querer esquecer que crianças, adolescentes e adultos
portadores de necessidades especiais, também têm sentimentos e desejos sexuais.
Coloco
aqui um dos relatos deste jovem (cadeirante).
“Eu
queria sair sozinho com minha cadeira de rodas, por mim mesmo”. Ir às lojas ao
parque. Eu queria escolher quando sair, quando EU tivesse vontade, a minha
vontade, ao invés de esperar que alguém tivesse livre para me levar aonde ela
quisesse!
Mesmo
sentindo medo de sair conzinho, eu queria me arriscar! Eu tinha medo de cair da
minha cadeira ou que algum carro me atropelasse. Tinha medo também que as
pessoas não me vissem atrás do balcão da loja porque eu estava baixo demais, ou
que elas não fossem entender o que eu queria dizer por causa da minha
dificuldade da fala. Mas um dia eu me arrisquei e consegui. Sai, entrei no
elevador, apertei o botão, desci ate a rua.
Atravessei
a rua e fui até o Shopping. Foi a minha maior aventura. Esqueci até que
tinha medo. Como foi bom sair quando senti vontade e parar onde desejei parar.
Em um determinado momento, parei no meio do Shopping e fiquei observando as
pessoas caminharem de um lado para outro. Muitas alegres, outras nem tanto.
Muitas garotas lindas e perfeitas que circulavam. Elas nem me olhavam, mas eu
as via, admirava-as e até fantasiei coisas boas, mesmo sabendo que jamais as
veria novamente. Senti-me excitado, mas administrei isto bem. Voltei para casa
muito feliz. Esta liberdade, mesmo que por um dia, me fez crescer, me deu
prazer, me senti gente. “Pretendo sair outras vezes”.
A
sexualidade na teoria freudiana, não se restringe ao corpo biológico, mas se
articula num outro registro econômico que passa “necessariamente pelo campo da
representação e pela busca do prazer”.
Como
pensar este jovem neste contexto, que vivendo um momento já conturbado da
adolescência onde busca se subjetivar, no entanto encontra-se capturado por um
mundo de fantasias, mundo de imagens onde ele experimenta como um espectador de
um público e que para ele as pessoas, principalmente as meninas são lindas e perfeitas?
Como
pensar a libido deste menino parado e, diante de si um público aonde sua
fantasias vão sendo desenhadas de acordo com seus desejos e, ele vai inventando
situações para dar vazão aos desejos e sua frustrações?
As
necessidades o fazem lançar um novo desafio em sua vida. Ele deseja sair outras
vezes. Algo nele mudou.
Na
psicoterapia procuramos trabalhar através da escuta, do acolhimento, exercícios
de auto estima, relaxamento e principalmente a respiração, principal ferramenta
na qualidade e purificação da qualidade de vida e alivio do sofrimento.
Zenita
Terezinha Goebel
CRP-05/5197
Psicóloga
clínica e Hipnoterapeuta - formação em psicanálise, terapia de casais, Terapia
Cognitivo Comportamental, Curso em Psicoterapia do Transtorno do Déficit de Atenção
e Hiperatividade TODA/H.
(21)
2556-3620 e 9322-8921
Atendimento
em Botafogo, Largo do Machado e Flamengo
Nenhum comentário:
Postar um comentário